Sobre
Hey! O meu nome é Elizabet, mas muitos conhecem-me por Dama Bete. Sou uma rapper luso-moçambicana e também design engineer. A minha vida tem sido uma jornada entre dois mundos, a música e a tecnologia.
A minha timeline é uma mistura de desafios e conquistas, que começou nas ruas da Madorna e me levou a palcos internacionais e às conferências de tech. Se quiseres saber como tudo aconteceu, dá uma olhada nos momentos chave que moldaram o meu percurso, desde os primeiros palcos até aos projetos onde o hip-hop se encontra com o código.
Cresci na Madorna, na Parede, concelho de Cascais. Foi lá que andei na creche, na escola primária e secundária. Mas foi na preparatória, em Matarraque, que ouvi pela primeira vez hip-hop português. Mais tarde, quando entrei para a escola secundária da Madorna, nos anos 2000, assisti ao meu primeiro concerto de hip-hop português ao vivo. Foi o meu irmão, Macaco Simão, que organizou o evento. Ele era um grande impulsionador do movimento no concelho. Nesse concerto vi atuar a Telma T-von, com o grupo Backwordz, e foi ali que comecei a querer saber mais sobre o rap feminino.
O concerto das Backwordz foi um momento de inspiração para mim. Motivou-me a procurar outras mulheres a fazer rap e, a partir daí, criei um site. A ideia inicial era simples: uma plataforma para divulgar o hip-hop feminino português. Comecei a aprender a programar e criei o meu primeiro site. Com o tempo, esse projeto evoluiu e acabou por se transformar numa plataforma em WordPress chamada Hip-Hop Ladies.
Entretanto, conheci a Blaya no mIRC, e juntamente com a minha irmã Ana, a minha amiga Marlene e a minha sobrinha Grace (que tem a mesma idade que eu), criámos o grupo Blacksystem. Começámos a dar os nossos primeiros concertos como grupo. Em 2005, organizei eventos da Hip-Hop Ladies, onde atuávamos a solo, mas também convidávamos outras mulheres, incluindo b-girls e DJs, para partilhar o palco.
Com o tempo, comecei a atuar sozinha como Dama Bete. Num desses momentos, no Festival Musidanças, onde abri o concerto da Sara Tavares, fui considerada artista revelação pela revista Blitz. Foi ali que conheci o meu futuro manager e, pouco tempo depois, assinei contrato com a Universal Music, através da qual lancei o álbum "De Igual para Igual".
Nesse mesmo período, concluí a minha licenciatura em Gestão do Lazer e Animação Turística na Escola Superior de Hotelaria do Estoril. O meu álbum saiu pouco depois e, durante algum tempo, tive vários concertos e entrevistas. No entanto, percebi que não estava totalmente preparada para a exposição que o álbum me trouxe. Comecei a questionar se a música me fazia realmente feliz, o que me deixou com sentimentos mistos em relação à carreira.
Depois do lançamento do álbum e com a crise que atingiu Portugal em 2010, comecei a sentir a falta de eventos e oportunidades. Durante este período, tentei conciliar a minha vida de artista com estágios e trabalhos temporários. Trabalhei na programação de eventos no Music Box Lisboa, passei por uma agência onde colaborei com artistas como Vitorino e Chullage, e organizei alguns eventos de world music e hip-hop. Mas os trabalhos eram mal pagos, e comecei a pensar seriamente em fazer algo diferente com a minha vida.
Foi então que vários amigos fizeram-me perceber que eu tinha muito talento com tecnologia. Decidi focar-me na criação de um portfólio de web development e consegui o meu primeiro emprego na área, na Mix and Blend, na LX Factory. Esta empresa também estava ligada a eventos, e lá, além de criar sites, fizemos live streams de eventos como o Meo Like Music, transmitido ao vivo do Campo Pequeno. Foi aí que percebi que a tecnologia podia, de facto, aliar-se à música.
Durante este tempo, comecei a ganhar mais destaque como web developer e fui trabalhar para uma startup alemã de um fotógrafo internacionalmente conhecido, Marcus Mam. Tive ainda a oportunidade de ir ao Brasil duas vezes para atuar como Dama Bete.
Conciliar a música com o trabalho trouxe desafios e forçou-me a fazer escolhas. Foi um momento de reflexão, mas também de oportunidade. Percebi que era a altura certa para me focar completamente no desenvolvimento web. Quando voltei do Brasil, consegui um emprego como UX Designer na NOS e, pouco tempo depois, recebi e aceitei uma oferta de trabalho para a Irlanda.
Na Irlanda, aprendi o que era ser valorizada. As pessoas apoiavam-nos a crescer e fui incentivada a participar em meetups, conferências e eventos. Durante esse período, viajei por vários países e, graças à minha paixão pelo hip-hop, criei um projeto chamado Cassette Tape, que explorava a Web Audio API. O projeto tornou-se inovador e foi apresentado no site Experiments with Google, o que me levou a ser convidada para o Google IO de Dublin.
Em 2018, o meu projeto open-source React Kawaii tornou-se trending no GitHub, o que me levou a ganhar o prémio de "Fun Project of the Year" na React Amsterdam. Foi um marco importante, que abriu portas para falar em conferências de React.js por todo o mundo. A minha primeira palestra foi em Las Vegas, e depois disso, os convites não pararam. Falei em eventos desde Yerevan a Sofia, Amsterdão e Berlim, entre muitos outros.
Em algumas palestras, consegui conciliar a tecnologia com a música, mas, curiosamente, omitia muitas vezes o meu passado como rapper.
Hoje em dia, considero-me uma artista multidisciplinar. Sou design engineer, rapper e desenvolvedora. Finalmente encontrei o equilíbrio entre a música e a tecnologia, duas paixões que me definem, e é através delas que consigo expressar quem sou em todos os meus projetos.